“Nossa terra tem sido um verdadeiro santuário de pássaros por mais de meio século. No último mês de julho, todos comentamos: ‘Há mais pássaros do que nunca’. Então, de repente, na segunda semana de agosto, todas as aves desapareceram. Eu estava acostumada a levantar cedo para cuidar da minha égua favorita, que tinha uma jovem potra. Não havia um único som de canto de pássaros. Foi estranho, aterrorizante. O que o ser humano estava fazendo com o nosso mundo perfeito e belo?” (CARSON, 2010, p. 96).
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A postagem de hoje leva o mesmo nome do famoso livro “Primavera Silenciosa” (silent spring), de Rachel Carson, lançado há mais de 50 anos, mas que ainda é muito atual, pois cada vez vez mais o mundo se vê envolto na incerteza do amanhã.
O planeta continua a ser agredido diuturnamente e os interesses corporativistas insistem em remanescer sobre os da preservação do ambiente e até do próprio ser humano.
Rachel Carson, cientista e ecologista, lançou “Primavera Silenciosa”, em 1.962 e deu início a uma revolução em defesa do meio ambiente. Influenciou a rede de televisão CBS a fazer um documentário sobre os efeitos do pesticida DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano), o qual foi assistido por mais de 15 milhões de espectadores (Rachel Carson's Biography, 2012).
Ela demonstrou com suas pesquisas que o DDT, bastante usado após a 2ª grande guerra para o combate aos mosquitos transmissores da malária e do tifo, era prejudicial à saúde humana.
Ocorre que o DDT, sintetizado em 1874 e descoberto pelo químico suíço Paul Hermann Muller, em 1939, tinha vasta aplicação e suas propriedades inseticidas combatiam vários tipos de artrópodes (como pulgas e piolhos) que afligiam os soldados na guerra, o que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina de 1948.
Quando lançou sua obra, Rachel Carson contrariou frontalmente a maior indústria química do planeta e por isso enfrentou críticas infundadas sob o ponto de vista científico e enormes problemas pessoais, instilados, perniciosamente, por uma mídia manipulada por interesses do capital industrial.
Carson muito lutou para tentar levar as pessoas a entenderem que o real e efetivo preço do DDT, a longo prazo, não compensaria os benefícios presentes do pesticida.
Com o tempo, o DDT foi banido na maioria dos países do mundo, mas Rachel Carson morreu sem ver o fruto de seu legado. Seu livro, porém, é um marco na luta pela preservação ambiental, ante os conflitos desenvolvimentistas.
Na chegada de mais uma primavera, a crise da água, o excesso de consumo de bens ambientais e os interesses corporativistas sempre soprepujando os do meio ambiente, nos fazem lembrar do legado de Rachel Carson e de como toca a fundo na humanidade, suscitando indagações sobre a forma de alcançar o desenvolvimento da presente geração, sem alijar o direito das futuras de também usufruirem do tão sonhado desenvolvimento sustentável.
Grande abraço,
José Roberto Sanches