quinta-feira, 25 de junho de 2015

MULHER É CONDENADA A MAIS DE 12 ANOS POR MORTE DE ANIMAIS


Que pena merece quem maltrata e mata um cão, ou outro animal?



Em várias postagens aqui do blog já tratamos deste assunto.

  • Já questionamos se a pena alta é a pena mais justa (leia);
  • já falamos sobre a proposta de alteração da Lei dos crimes ambientais, que promoverá o aumento das penas para atos de maus-tratos contra cães e gatos (leia);
  • e até já comentamos sobre a teoria do link, ou seja, da ligação que existe entre os abusos aos animais e aos humanos (leia).

Depois de muito estudar sobre o assunto, continuo acreditando que a razão está com Beccaria, autor do livro "Dos delitos e das penas". 

Para ele a quantidade da pena não é o mais importante, mas sim a qualidade, entendida como aplicação penal de forma coerente e rápida.  

Talvez, um processo que dure 03 anos, não seja exatamente um processo rápido, ou que agradaria a Beccaria, mas,  pelo seu ineditismo, cabe aqui um grande destaque para a condenação de Dalva Lina da Silva à pena de 12 anos e 6 meses de detenção pela morte de 37 animais domésticos.

A condenação foi obtida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Os crimes foram cometidos em janeiro de 2012, na Vila Mariana, na capital.

Dalva Silva era conhecida como pessoa que recebia, abrigava e encaminhava cães e gatos abandonados para adoção. 


Entidades de proteção animal passaram a desconfiar da velocidade com que ela conseguia lar adotivo para tantos animais – de 10 a 20 por dia –, e da recusa da mulher em permitir visitas aos bichos, até que um cidadão contratou um detetive particular para certificar o que ocorria ali.

Durante 20 dias, o detetive acompanhou a movimentação na residência e observou a entrada de mais de 250 cães e gatos, mas nenhuma saída. 

Certa ocasião, a mulher foi vista colocando cinco sacos de lixo em frente à residência vizinha. Nos sacos foram descobertos 33 cadáveres de gatos e 4 cadáveres de cachorros.

O Laudo pericial constatou que todos os animais sofreram maus-tratos tiveram morte “lenta e cruel”, por hemorragia causada por várias perfurações na região torácica, após medicação com uma droga de uso controlado, utilizada como sedativo em cavalos, sem efeito anestésico e que, em animais de pequeno porte, causam ansiedade.

Na fase policial, Dalva Silva alegou que os animais estavam doentes e foram sacrificados porque não respondiam mais aos tratamentos. Em juízo afirmou que era vítima de perseguição. 

O veterinário que fez a necropsia nos animais, entretanto, declarou que nenhum deles estava em situação que aconselhasse a eutanásia.

Dalva Silva foi denunciada pelos Promotores de Justiça do Grupo Especial de Combate aos Crimes Ambientais (GECAP) por 37 práticas de maus-tratos de animais, com resultado morte, com base na Lei de Crimes Ambientais.

No dia 18 de junho de 2015 ela foi condenada pelo Juízo da 9º Vara Criminal da Capital à pena de 12 anos e 6 meses de detenção, além de pagamento de multa no valor de R$ 25.750,00 que deverá ser atualizado a partir da data dos crimes.

A sentença diz que “a ré tem todas as características de uma assassina em série, com uma única diferença: as suas vítimas são animais domésticos”.

E prossegue: "De resto, os seus crimes foram praticados todos seguindo um mesmo ritual, com uma determinada assinatura, com traços peculiares e comuns entre si, contra diversos animais com qualidades semelhantes e em ocasiões distintas. E o que é bastante revelador: não há motivo objetivo para os crimes”.

Conclusão:

Creio que ninguém discordará que 12 anos é uma pena alta, ou pelo menos razoável para os atos praticados mas, como dissemos acima, pena alta não é tudoPor si só, a pena não amedronta e nem inibe o crime

Beccaria escreveu há mais de 150 anos (“Dos delitos e das penas”) “tanto mais justa e útil será a pena, quando mais pronta e mais imediata for em relação ao delito cometido”e isto fala de execução da pena e não apenas de uma sentença de condenação. 

Somente com o efetivo cumprimento do que foi sentenciado ocorrerá a sensação de que foi feita a justiça. 

Esperamos que seja assim para a Dona Dalva.

Grande abraço

JOSÉ ROBERTO SANCHES


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