Segundo notícia publicada no site UOL, o El Niño deverá aumentar os riscos de fome e doenças para milhões de pessoas em
2016.
El Niño
O fenômeno climático El Niño faz com que águas quentes do Pacífico central se espalhem na direção das Américas do Norte e do Sul.
Ele foi observado por pescadores na costa da América do Sul por volta de 1600, quando as águas do Oceano Pacífico ficaram estranhamente quentes. O nome, El Niño, é uma referência ao menino Jesus.
O El Niño acontece em intervalos entre dois e sete anos, normalmente atingindo seu pico no final do ano – embora seus efeitos possam persistir até os três primeiros meses do ano seguinte e durar até 12 meses.
O atual El Niño é o mais forte registrado desde 1998 e, segundo os especialistas, deve ficar entre os três mais poderosos de que se tem conhecimento.
Segundo a World Water Organization (Organização Mundial da Água, ou WWO), nos três meses de pico, médias de temperatura na superfície das águas do Pacífico tropical devem ficar mais de 2ºC acima do normal.
Secas e inundações
Segundo previsões, o El Niño deverá
aumentar as secas em algumas áreas e acentuar inundações em outras.
O continente africano será um dos mais afetados. Lá, a escassez de comida poderá atingir seu pico em fevereiro.
Cerca de 31 milhões de pessoas estão sob risco de escassez de alimentos na África – um aumento significativo em relação a 2014.
Cerca de um terço dessas pessoas vive na Etiópia, país em que 10,2 milhões de pessoas deverão demandar assistência em 2016, segundo previsões.
A falta de comida deve atingir seu ponto crítico no Sul da África em fevereiro. No Malauí, autoridades calculam que quase três milhões de pessoas irão precisar de assistência antes de março.
Partes do Caribe e das
Américas Central e do Sul também deverão ser atingidas nos próximos seis meses.
Após analisar imagens de satélite, a Nasa (agência espacial americana)
afirma que o El Niño de 2015-2016 poderá ser comparado ao que muitos chamaram
de “fenômeno monstruoso” de 18 anos atrás.
Os fenômenos de 1982-1983 e
1997-1998 foram os de maior impacto no século passado, e parece que agora vemos
uma repetição”, disse William Patzert, especialista em clima do Laboratório de
Propulsão a Jato da Nasa (JPL, na sigla em inglês) e um dos mais importantes
estudiosos do El Niño dos EUA.
Esse evento periódico, que tende a elevar temperaturas globais e alterar
padrões climáticos, ajudou 2015 a bater o recorde de ano mais quente da
história.
“De acordo com certas medições, esse já foi o El Niño mais forte
registrado. Depende da maneira como você mede”, disse o cientista Nick
Klingaman, da Universidade de Reading, na Inglaterra.
“Em vários países tropicais temos observado reduções de entre 20 e 30%
nas chuvas. Houve seca severa na Indonésia. Na Índia, as monções (chuvas) foram
15% abaixo do normal e as previsões para o Brasil e Austrália são de redução
nas chuvas.”
As secas e inundações, e o impacto potencial que representam, preocupam
as agências de ajuda humanitária.
Um forte El Niño ocorrido há cinco anos estava ligado a chuvas de
monções fracas no sudeste da Ásia, secas no sul da Austrália, das Filipinas e
do Equador, nevascas nos Estados Unidos, ondas de calor no Brasil e enchentes
no México.
A combinação do aquecimento global com a intensidade do fenômeno esse
ano deve fazer com que esse verão seja um dos mais quentes de todos os tempos
no Brasil, com as temperaturas ultrapassando facilmente os 40ºC por vários dias
seguidos em locais como Rio de Janeiro, Piauí e Tocantins. Segundo
meteorologistas, os termômetros podem registrar até 4ºC acima dos valores
médios.
Alerta
Segundo a
ONU, cerca de 60 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar suas casas por
causa de conflitos.
Organizações humanitárias como a Oxfam, por exemplo, estão
preocupadas com o impacto adicional que o fenômeno climático possa provocar,
tendo em vista as pressões provocadas pelos conflitos na Síria, no Sudão do Sul
e no Iêmen.
Secas e chuvas erráticas afetaram dois milhões de pessoas em Guatemala,
Honduras, El Salvador e Nicarágua. Há previsões de mais inundações na América
Central em janeiro.
Efeito inverso
Se por um
lado os efeitos de El Niño serão sentidos de forma mais aguda nos países em
desenvolvimento, no mundo desenvolvido o impacto será sentido nos preços de
alimentos.
A tendência, historicamente, é que preços subam entre 5 e 10% para
alimentos básicos. Lavouras de café, arroz, cacau e açúcar tendem a ser
particularmente afetadas.
O El Niño deve terminar por volta do outono no hemisfério sul (primavera
no norte). Mas o fim desse ciclo não é boa notícia tão pouco: esse fenômeno
climático tende a ser sucedido pelo seu reverso – ou seja, eventos climáticos
conhecidos como La Niña, que podem trazer efeitos opostos mas igualmente
danosos.
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Grande abraço
JOSÉ ROBERTO SANCHES